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Um dia de domingo janeiro 31, 2010

Filed under: Cotidiano — Manu Parise @ 7:56 pm
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Hoje fui ao reduto feminino, nossa fuga, aonde nos sentimos mais belas e um pouquinho fúteis, afinal toda mulher precisa de um momentinho de futilidade na vida, estava eu sentada no cabeleireiro, esperando um encaixe, pois é claro não tinha marcado horário, e estava folheando uma revista veja despretenciosamente, não que eu goste da veja, acho uma revista politicamente tendenciosa, prefiro a época, mas convenhamos que em um salão de cabeleireiros ter uma revista veja já é alguma coisa, tá fui preconceituosa! eu sei! Mas digam que não é verdade…
Enfim estava lendo uma reportagem sobre o crescimento da mulher no mercado de trabalho e do quanto os homens sentiam que nós estavamos deixando ser femininas e vaidosas em detrimento disso, quando sentou uma moça ao meu lado e começou a sapear a minha revista – porque a dos outros é mais gostosa. Achei interessante e não me manifestei, mas ela resolveu comentar, esperava ouvir algo sobre a reportagem mas não é que ela comentou sobre o sapato da empresária que pousava para a foto da reportagem? Não acreditei!
Por sorte chegou a minha vez de ser atendida, então fiquei lá cortando o cabelo, porque era muito necessário e comecei a refletir sobre aquilo, não sou hipócrita, é claro que gosto de roupas, sapatos, maquiagem e é claro que dentro de um salão de beleza eu não deveria esperar outro tipo de conversa, mas com tantas coisas acontecendo no mundo, e com tantas coisas interessantes que a reportagem dizia, a começar pela manchete, entendi perfeitamente porque alguns homens acham que somos “bonequinhas de luxo”.
Sai de lá e fui caminhar na praça aqui perto da minha casa, mas quando cheguei estava muito sol e resolvi aproveitar, sentei em um banco e fiquei ali, ouvindo musica e observando as pessoas que estavam assim como eu, aproveitando o domingo para um momento de paz, um momento de ausencia, nossa como é bom sentar e observar a vida, sem compromissos, sem horários…
Tantas coisas lindas para ver, árvores com mais de 60 anos, um parquinho todo de troncos, a criançada brincando, correndo, rindo, uma mãe andando de bicicleta com o filho, um pai suando em bicas empurrando o filhinho pequeno de bicicleta, talvez o primeiro passei em sua bicicleta sem as rodinhas de trás, o menino ria e o pai estava esgotado e absolutamente feliz e orgulhoso ao ver o progresso do pequeno, um casal de namorados sentado em um banco ao meu lado ela era rockeira com coturno e cinto de tachas e ele era do tipo atleta de tenis, bermuda e regata, e eles estavam feliz e trocando carinhos, havia também uma moça com seu cachorro, um labrador preto que fugia dela e corria para cima de todo mundo, bobo pedindo carinhos.
Nossa como fiquei leve e feliz de estar ali, descansando, relaxando, vendo a felicidade daquelas pessoas com coisas tão simples, pessoas comuns, naturais, me inspirei, encontrei a vontade de compartilhar aquilo tudo, levantei e fui andar…
Cheguei em casa feliz da vida, leve, tranquila… Como é bom aproveitar um dia de domingo…  
Trilha sonora deste domingo…

 

O bem e o mal dentro de nós… janeiro 30, 2010

Dois amores – de paz e desespero –
Eu tenho que me inspiram noite e dia:
Meu anjo bom é um homem puro e vero;
O mau, uma mulher de tez sombria.
Para levar a tentação a cabo,
O feminino atrai meu anjo e vive
A querer transformá-lo num diabo,
Tentando-lhe a pureza com a lascívia.
Se há de meu anjo corromper-se em demo
Suspeito apenas, sem dizer que seja;
Mas sendo ambos tão meus, e amigos, temo
Que o anjo no fogo já do outro esteja.
                      Nunca sabê-lo, embora desconfie,
                      Até que o meu anjo contagie.

William Shakespeare – Sonetos

Andei pensando muito em algumas coisas, quase como um balanço de vida e me passou pela cabeça que todos nós, por mais empenhados que estejamos em praticar o bem, somos tentados a fazer pequenas maldades e a termos condutas que em uma visão moralista da sociedade, seriam consideradas inadequadas e até reprováveis. O bem está diretamente ligado ao certo, aquilo que nos é incutido na mente desde o nascimento como padrão moral e de conduta, já o mal está ligado a tudo que nos é ensinado como errado e tudo aquilo que aprendemos por instinto e não pelo que a escola ensinou ou nossos pais ensinaram, representa tudo aquilo que não é considerado aceitável pela sociedade.

Fiquei me questionando por que temos essa atração por coisas perigosas ou proibidas, por que será que somos bons em nossa essência, capazes de enormes atos de gratidão ou civilidade e mesmo assim quando tentados ao “errado”, tantos de nós sucumbimos?

Vivemos pronunciando palavras como NUNCA, JAMAIS, mas somos fracos e hipócritas pois acabamos caindo em tentação. Alguns diriam que é o diabinho nos provocando e atiçando, mas na verdade somos nós mesmos, notei como as coisas que fazemos instintivamente são condenáveis, claro, pensamos e por isso nossa conduta deve ser diferente à dos animais, mas ainda assim, somos seres desta Terra, animais – nem tão racionais – cheios de instintos e ímpetos.

Por mais que tenhamos a consciência do certo ou errado, às vezes tomamos atitudes impensadas, que muitas vezes nos joga em uma cilada e nos trás complicações. E mais do que isso, nós gostamos mesmo que imperceptívelmente, de estar nesse tipo de ciladas e só paramos para analisar a situação quando chegam os problemas. Isso tudo me remete ao mito da caverna, que nos descreve exatamente a desumanização do homem em situação onde sua própria vida é colocada em risco, em como somos adaptáveis e como nosso maior instinto é de sobrevivência.

Quantos de nós já caímos em tentação com algo simples ou sério e acabamos buscando justificativas – é lógico inválidas – para tais atitudes?

Vamos elocubrar algumas questões:

– Sabemos que comer gordura demais ou doce demais é errado, mas não resistimos e sempre comemos {Depois justificamos que fazia tempo que não comíamos, ou que amanhã começaremos a dieta}Mas está na espécie humana buscar o alimento, acariciar suas papilas gustativas com os sabores dos alimentos, assim como nosso INSTINTO nos manda.

– Mesmo desapegados e mesmo que não tenhamos problemas em dividir as nossas coisas com os outros, todos nós já nos pegamos raivosos ou incomodados quando alguém nos tira algo ou alguém. {Depois justificamos que não estávamos interessados e não nos servia mais}Mas o homem é instintivamente egoísta e possessivo, está na nossa natureza e em nossa educação, pensarmos em como somos superiores à natureza e aos outros animais, então porque não pensaríamos isso de qualquer um? Um erro crasso é claro! Somos tão iguais que atualmente a natureza é que está nos destruindo.

– Sabe aquele (a) garoto (a) lindo (a) que encontramos sempre por ai e que desperta desejo e admiração? Descobre que tem compromisso com alguém, claro, sabemos que é errado nos aproximar e que o correto seria realmente manter uma distancia segura para evitar a tentação, afinal é errado estar com pessoas que possuem um outro compromisso ou até interferir no mesmo, às vezes conseguimos nos afastar é claro, mas quantos de nós já não nos percebemos apaixonados ou completamente envolvidos com a pessoa. {Depois justificamos que rolou a famosa “química” e que foi incontrolável, ou que o relacionamento da outra pessoa ia mal, ou até mesmo que não estamos envolvidos e apenas aproveitando ingenuamente os momentos com aquela outra pessoa, alguns mais atrevidos diriam que em algumas sociedades um homem deve ter mais de uma mulher}Mas é uma questão biológica e pouco consciente, algumas pessoas nos atraem mais do que outras, somos animais racionais e o cheiro da fêmea ou do macho, ainda em nossa espécie, atrai o parceiro que nos é fisicamente compatível, os famosos feromônios.

Somos da espécie humana, animais que por mais evoluídos que estejamos em ciência, física, biologia, genética e informática, mantemos nossos instintos de caça, sobrevivência, atração física, auto-preservação entre outros.

 Pensemos nisso antes de julgar a atitude instintiva de alguém, e quando tomados pela necessidade de saciar nossos instintos, devemos parar e usar nossa capacidade de raciocínio para determinar uma linha tênue que separa o certo e o errado, o bem e o mal dentro de nós.

 

 

O que desejar? e como desejar? janeiro 29, 2010

Meu desejo? era ser a luva branca
Que essa tua gentil mãozinha aperta,
A camélia que murcha no teu seio,
O anjo que por te ver do céu deserta…

Meu desejo? era ser o sapatinho
Que teu mimoso pé no baile encerra…
A esperança que sonhas no futuro,
As saudades que tens aqui na terra…

Meu desejo? era ser o cortinado
Que não conta os mistérios de teu leito,
Era de teu colar de negra seda
Ser a cruz com que dormes sobre o peito.

Meu desejo? era ser o teu espelho
Que mais bela te vê quando deslaças
Do baile as roupas de escumilha e flores
E mira-te amoroso as nuas graças!

Meu desejo? era ser desse teu leito
De cambraia o lençol, o travesseiro
Com que velas o seio, onde repousas,
Solto o cabelo, o rosto feiticeiro…

Meu desejo? era ser a voz da terra
Que da estrela do céu ouvisse amor!
Ser o amante que sonhas, que desejas
Nas cismas encantadas de langor!

Meu Desejo – Álvares de Azevedo (Lira dos Vinte Anos {Lendo no presente momento})

Desejos, planos, anseios, o quanto fazemos tais aspirações e o quanto precisamos mudá-las durante a vida?

Quando tinha 10 anos, desejava ser maior de idade, quando era maior de idade desejava voltar aos 10 anos, desejei ter um cachorro e não pude, desejei encontrar uma pessoa legal e encontrei várias, desejei tantas coisas e tantas eu consegui e outras tantas eu deixei de desejar antes mesmo de tentar batalhar por elas.

O desejo é efêmero, o desejo é volátil, deixa-nos sedentos, insaciáveis, não pensamos muito em como obter, só pensamos no sublime momento em que podemos dizer que é nosso.

Quando falo de desejo penso mais do que o desejo em possuir objetos, falo no desejo que emana de dentro de nós de uma forma exponencial e que acaba aparecendo em todos os âmbitos de nossa vida.

Anseios são mais modestos, eu considero que estão entre o desejo e o plano, talvez seja um desejo mais concreto, ansiamos por atitudes, ansiamos por experiências que sabemos que um dia serão vividas por nós, ansiamos para hoje algo, mesmo sabendo que só poderemos concretizar daqui alguns anos, os anseios não são efêmeros, são apenas adiáveis, são elásticos, podemos nos dar ao luxo de atrasá-los em detrimento de outras coisas em nossa vida.

Mas planos, são sérios, fundamentados e fomentados por estruturas sólidas e conhecimentos concretos da nossa realidade, os planos exigem que batalhemos diariamente, nos exigem esforços, nos exiges economia, dedicação, superação e principalmente determinação. Planos não são para hoje ou para amanhã, planos são para um prazo determinado e exigem disciplina. No entanto quando deixamos de concluir um plano ou botá-lo em prática, nos sentimos derrotados e dependendo de nosso “estado de espírito”, podemos sucumbir ao desespero.

Então eu me pergunto, O que desejar e como desejar?

Acredito que devemos desejar as pequenas coisas, desejar as pequenas alegrias e sutilezas cotidianas, não desejar o impossível, desejar o que podemos obter mesmo que seja com muito esforço, não esperar o príncipe (ou princesa) encantado (a), mas sim alguém que nos faça feliz, que nos compreenda, alguém com quem possamos dividir planos, planejar junto, deveríamos desejar amigos com quem pudéssemos discutir sabendo que no dia seguinte haveria um sorriso nos esperando, amigos que nos ouvissem e que confiassem a nós seus mais íntimos medos.

Deveríamos desejar uma família imperfeita, porém, unida, e não o estereótipo da típica família americana com papai, mamãe, filhinha, filhinho, cachorro e um utilitário na garagem. Deveríamos desejar uma profissão que nos trouxesse prazer e satisfação pessoal e com isso viria o dinheiro e a tranqüilidade financeira, mas nunca desejar uma profissão pelo salário que ela paga.

Deveríamos amar sem esperar algo em troca, amar por amar, amar a simplicidade, a paz, amar o conforto de uma vida estável cheia de tudo aquilo que prezamos no fundo, com todo o bem-estar que nos é permitido ter dentro da realidade.

Deveríamos desejar morar em uma casa confortável que fosse nossa e que comportasse a família que tanto amamos e não uma mansão onde ninguém se sentisse à vontade.

Acima de tudo deveríamos desejar sorrisos brancos ou amarelados, sorrisos nos olhos, pés descalços na grama, banhos de chuva – sem medo da chapinha, roupas gostosas de vestir, um sábado ensolarado, uma tarde chuvosa para deitar na rede e ler um livro, deveríamos desejar ler incansavelmente tudo o que estivesse ao nosso alcance, deveríamos desejar um planeta saudável, filhos felizes, cachorros brincalhões e amorosos, pais companheiros independente de seu estado civil, casais felizes…

Desejemos então aquilo que nos é precioso e que está ao nosso alcance…